15.3.13

O alfinete que a gente escolheu pra prender o barco de papel no mapa era grosso demais, fez um furo e se soltou, e o barco se encharcou de possibilidades igualmente atraentes demais pra gente escolher uma só.
Uma Lua nunca foi o suficiente, porque ela se sente só e a gente, mesmo em três ou quatro, se sente só por ela, por consideração... ou porque o nosso coração também é um e não dois, apesar de.
Cada dezena de dias dispara como a hélice do ventilador no momento mais quente do sol e nenhuma delas pode ser vista em isolado, mas cada uma delas dispara uma cusparada de afastamento nos grãos de pequenas coisas que no final das contas formam o todo e o são, e o todo já não é mais o momento do sol, porém agora é o momento da Lua fresca solitária e do vento frio da passagem dos dias das hélices quebradas mas, mesmo assim, ainda enlouquecidas e irrefreáveis.

Nenhum de nós sabe mais o que dizer sobre nada e quando a gente passa uma madrugada inteirinha de pé com um cigarro imaginário no beiço que quer chorar (pra calar o beiço que já não sabe mais chorar e não sabe disso) a gente só deixa os pensamentos virem e se agarrarem nas lembranças como carrapatos e tirar um pouco da vivacidade que elas tinham quando a gente sabia deixar elas em paz ainda...
Nenhum de nós quis o que teve ou teve o que quis por completo, e talvez ainda bem... mas só talvez.
Todo esse mar de fumaça cerebral começa a penetrar também o barco, que antes era a esponja das possibilidades.
E um redemoinho é sempre crescente quando a gente tem medo e não tem uma prancha.