15.1.14

Desde o começo era tudo uma questão de estar lá no alto junto.
Eu escrevi o por do sol em um diamante e depois disso as estrelas caiam feito chuva grossa de calha, pesadamente, sobre a minha cabeça.
Meu relógio de pulso esticado sobre a mesa não nega que ontem já não é mais um hoje e que até hoje mesmo já é praticamente amanhã, mas amanhã será hoje e depois disso ontem.
E depois disso tudo volta a ser nada - se é que em algum momento do meu decreto ressentido tenha sido alguma coisa mais que isso.

Como quem coleciona grandes volumes de notas debaixo do colchão e um dia descobre que perderam seu valor, eu colecionei meus pensamentos para ele.
Desde o começo era uma questão de dar tudo. Ou correr então correr logo de uma vez para o outro lado... Eu dei tudo e só depois descobri que ter que se virar pra onde a gente não quer nem sempre é nossa decisão, ou pelo menos nem sempre é a nossa primeira opção (segunda, terceira?)
Tinha um lago que refletia o céu e o céu refletia o lago e é porque eu estava no meio que no fim das contas tudo acabava sendo eu de novo e não era isso que eu queria.
O despreparo logo se emenda no cansaço e juntos ocupam a grande parte da vida.. mas pra mim desde o primeiro dia sempre foi a hora certa, fosse qual fosse, e eu fiquei por alí, por todos os lados, feito um cão que ronda e nem por isso consegue alguma coisa.
De todas as minhas culpas, eu me orgulho de não ter essa: eu fui o cão, mas não fui o rato que foge. Eu estava lá.

A evolução natural da saudade, pelo bem ou pelo mal, é o esquecimento.