30.10.09

Furi furi

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Liberdade, liberdade...
Quando vou estar livre de te querer?

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26.10.09

26 de outubro

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Engraçado como as coisas ganham valor.
Não me refiro a coisas materiais, estou falando de símbolos.
Porque a diferença entre objetos e símbolos é que objetos podem perder valor, mas isso não acontece com os símbolos.
Se uma trovoada me lembra alguém, então toda vez que trovejar esse alguém virá instantâneamente na minha cabeça.
E assim acontece com tudo.
Quando somos crianças o mundo é um mar de coisas que nos são alheias. Coisas que são apenas o que elas são.
Mas aí nós vamos crescendo e passamos a ser marcados por momentos e pessoas e cada vez mais nós vamos moldando o mundo com nossas lembranças e nossos sentimentos e nossas referências.
Quanto mais envelhecemos mais o mundo ganha uma perspectiva passional.
Por isso as pessoas se afastam cada vez mais da realidade e umas das outras.
Cada um vive seu mundo de recordações o tempo todo e esquecemos que margaridas, pastel de banana e cheiro de sauna podem não fazer o coração de outros dispararem como o fazem com o meu.
Porque as coisas são só o que elas são e os atributos que nós lhes damos.
26 de outubro é só 26 de outubro e o que ele significa pra mim todos os anos.

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25.10.09

Prefiro a terceira.

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Gostam de dizer que só existem duas saídas para nós:
Ou aprendemos a entender o que nos pedem com o olhar, ou engolimos os medos e aprendemos a pedir com palavras.
Mas acho que todos concordamos que entre palavras e olhares existe a respiração.
E que maravilha seria se pudessemos perceber o peito arquejante, os suspiros silenciosos, o ar detido na garganta...

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22.10.09

Motivos

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-Me diz por quê não?

-Porque o tempo é curto, o dinheiro é pouco...

-... E a vida é uma só.


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18.10.09

Efeito sem causa.

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Só existe uma coisa pior do que se sentir melada, com a cabeça pesada, com a roupa queimando a pele e os olhos ardendo depois de ter ido na piscina com chuva:
Se sentir melada, coma cabeça pesada, com a roupa queimando a pele e os olhos ardendo sem ter ido a piscina nem ter pegado chuva alguma.


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17.10.09

Café da manhã: guarda-chuva

O problema de comer gengibre é que o gosto fica na boca por dias.
Esse também é o problema de comer doce de abóbora, comer sucrilhos, de comer queijo estragado por engano, de beber um cálice de aguardente de uma vez só.
Esse é o problema. E não me venha com soluções baratas que envolvam escovar os dentes.
Porque eu e você sabemos muito bem que essa tipo de limpeza consiste em tirar um gosto para colocar outro no lugar.
E aí o que é que vai tirar o gosto da maldita pasta de dente?

Isso pra não falar das vezes em que engolimos sapos por pura subserviência.
Mas garanto que há aqueles que gostam.
Da mesma forma que há quem goste do gostinho amargo da vingança, do gosto da saudade... sobretudo do gosto da vitória (e afinal o que há de tão bom nisso?).
Há também que goste do cheiro de merda, mas isso é uma outra questão.

O fato é que muitos de nós nem percebem o gosto que carregam em suas bocas.
Talvez isso seja bom, porque a gente tende a querer se livrar daquilo que inerentemente faz parte de nós, uma recusa, uma auto-rejeição.

Hoje eu estou com gosto de guarda-chuva na boca desde que acordei.
É ruim.
Eu sei que muitos gostos são ruins, mas o ruim tem que existir.
Se o gosto de guarda-chuva não existisse eu não poderia aproveitar o gosto do pernil que virá na hora do almoço.
Tem gente que não gosta de pernil.
E aí pra eles o gosto é ruim.
Seja bom ou seja ruim, o fato é que qualquer coisa é melhor do que viver só com o gosto da vontade de sentir o gosto.

16.10.09

Fake.

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Às vezes eu acordo e me sinto fantasiada de mim.


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15.10.09

90% da realidade das coisas é como um pedaço de argila.

A gente entende como quer e transforma no que quer.

Os outros 10% a gente chama de Deus.

14.10.09

Corda Bamba

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Ele estava parado a 30 metros de altura esperando o vento decidir se ele iria cair para a direita ou para a esquerda.
Eu estava lá e vi quando o vento decidiu que ele deveria ir pra frente.

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