Às vezes um acha que o outro não vai ceder.
Às vezes o outro acha que o um não vai cansar.
Eles esperam.
Um insiste, o outro mantém.
O um puxa a corda, com toda a força que tem e o outro olha pro céu e nem se dá ao trabalho de dar de ombros. A corda cai no chão.
O um cava o buraco, o outro pula... mas fingindo que era cãibra.
O um só pára de cavar pra tentar se decidir se acredita que é mesmo dor ou não.
O um tem esperanças de que o outro tenha pulado por causa do buraco e ele nem se incomoda com o fato de estar incomodando.
Ele quer resposta.
"Não" é resposta!
Mas o outro finge cãibra e aí o pulo vira dúvida.
O um se prosta na frente, finge que é gente (gente igual àquela gente que o outro acha que é gente) e dá o esbarrão, fingindo o acaso.
O outro aceita o acaso - educado - , mas faz descaso e aí sai fora.
Era melhor tomar um fora daqueles.
Às vezes um acha que o outro não vai ceder!
"Às vezes" vira "sempre".
O um sabe que o outro não vai ceder.
Aí ele diz pra ele mesmo, mas em voz alta, que ele "não queria nada mesmo!".
Ele faz sua trouxinha e vai lá pro outro lado da praia, ver se acha algo que ele possa querer.
Aí ele vai, queixo erguido e semblante (quase) respeitável, mas leva seu binóculo pendurado no pescoço, pronto para não perder nenhum espirro do outro, aquele que ele espera um dia poder chamar na segunda pessoa.
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