30.6.10

Sobre o cheiro

Quer faça sentido, quer não, toda vez que minhas mãos tocam o mundo e passam a cheirar como ele, eu sinto que elas são mais dele do que minhas.
E eu ia encerrar a questão por aí, confortável com uma solução barata: "ainda bem que existe sabonete".
Mas aí lembrei que sabonete é mundo.
Água é mundo.
Toalha é mundo.
Ar é mundo.
E o que é que não é mundo?
E de repente a fumaça de cigarro que às vezes gruda no cabelo não me provocou mais repulsa; não por ter sumido o asco, simplesmente por ter se tornado só mais um dos cheiros do mundo que eu ando por aí recolhendo.
Foi bem aí que eu me senti inteira como minhas mãos: irreconhecível debaixo da crosta de experiências, de condições, de arranhões e de poeira.
É por isso que agora eu me pergunto: E o meu cheiro? Pra onde foi?

2 comentários:

  1. fácil responder, você é mundo também!

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  2. Pois é... mas pra ser um pouco narcisa... eu queria que o mundo fosse um pouco Guida às vezes também!
    beijinho dinhozinho =)

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