8.8.10

Sobre os donos do mundo

Nascer... tirar da terra, colocar nos ossos.
Ocupar espaço... tirar o mato, colocar os pés.
Querer... achar que pode fazer o mundo girar ao contrário, [só]  pela revolução.
Decepcionar-se... chorar e culpar a droga do céu distante.
Pausar... virar-se o avesso pra ver como que é por dentro.

E aí crescer:
Aumenta a gravidade, os pés se vincam mais fundo.
A mente se alarga demais, [tem dias que] atrofia.
Passada firme, soldado de qualquer coisa:
Soldado do mundo, soldado de deus, soldado do amor, soldado de si.
Só de si.
Em si.
Só.

Vai só também.
Quando deixa o mundo, não deixa o mundo, de jeito nenhum!
Garante logo seus [esperamos-que-bem-localizados] 3 metros quadrados de sepultura.
Escorre. Seca. Corrói. Decompõe.
Some, mas deixa um pouco do próprio cheiro tomando conta do caixão vazio.

Quando chegar a minha vez, por favor, quero ser cremada.

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