17.12.10

21

E aí que simplesmente tinha essa sensação - nasceu com ela.
Como que uma sarda, um joelho meio torto, os dedos finos de agulha.
Como que o tom do cabelo.
Era como que tudo isso junto, eu acho, e todo o resto também.
Era como que isso, o resto e ainda mais: tudo o mais, precisamente aquele "mais" que a gente não sabe o que é, só sabe que é.
E aí que simplesmente a tinha, a sensação.
E a tinha em todos os momentos, mas ainda assim fazia ela uma falta desgraçada...
Como se... como se só a tivesse vivido na vida passada, ou na retrasada e aí nasceu e ainda a sentia... mas a sentia sem sentir. Um eco.
Cresceu alguns centimetros mais que devia num ano desses em que chove demais e que tem gente demais pra revirar a terra, e decidiu por de lado todos esses tiques-nervosos, essas manias, essas coisas inclassificáveis que não existem nem no sonho e nem na realidade e em lugar nenhum que não seja a vontade.

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