8.12.10

Sobre baralho e tudo o mais

Rainha de ouros se junta com Valete, também de ouros.
Um As e um Cinco, se prontificam pelas laterais.
Duas (quaisquer duas) estateladas no topo. Você nem viu quais eram.
Aí então um Nove de Copas e um Três de Espadas.
Pela esquerda outro Três, três de qualquer coisa, e pela direita um Seis; que poderia ser de copas ou de ouros... você não deu a mínima.
Pronto, agora sela tudo com um cruzado de um Rei e uma Rainha, ambos de espadas.
[ você tem essa mania de querer juntar  a Rainha com os seus iguais... mas esquece que só o naipe não é o bastante e em cada baralho só tem uma Rainha de cada tipo ]
Agora tudo parece mais frágil.
Você afasta os joelhos (e qualquer estranho imbecil com propensão a trollices ) para maior segurança da construção.
Duas tentativas fracassadas de fazer o Quatro de Paus se apoiar mutuamente com o Oito de Copas.
Você é supersticioso. Troca o Quatro, pega o Valete de copas, que é para combinar, e faz funcionar.
Pronto.
Tenta respirar menos, com medo de derrubar tudo simplesmente por estar perto.
[ um dia você vai inventar uma máquina que te permita ficar de longe, e você visualiza ela alí naquele momento e só pára de fazê-lo quando percebe que na verdade não faz a menor idéia de como seria isso ]
Por via das dúvidas, prende a respiração.
Treme um pouco enquanto segura o Rei de Ouros na mão esquerda e o Ás de Espadas na direita.
Rainha de Paus e Sete de Ouros finalizam a seção.
Conseguiu!
Uma vitória dessas te deixa confiante.
"Ah, moleque!"
Aí você pensa que quando chegar no sétimo andar vai tirar uma foto.
Você prepara sua câmera e dá uma espiada ao redor pra ver se alguém está acompanhando a sua façanha.
Sua prima no canto grita que três andares ela faz com os olhos vendados.
Você treme quando ergue a última Rainha, a Rainha de Copas, e tenta uni-la ao Dois de Paus.
Mas o Dois de Paus despenca, como um dois de paus, e leva tudo o mais consigo.

Você nunca passou do quarto andar...
Mas se você passasse, se você estivesse no quinto, sempre haveria o sexto também.
Daí você pensaria "Mas que puxa, nunca cheguei ao sexto!".
E daí depois? O sétimo!?
Nesse você tiraria uma foto.
Mas a foto não mudaria o fato de haver ainda um oitavo para ser erguido.
Um nono, um décimo.
E no final nunca vai ser o suficiente, sua câmera vai sempre estar preparada para algo grande que provavelmente nunca virá e sua prima sempre vai vagar pelas redondezas pronta para ressaltar a sua incompetência.



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