14.1.11

Sobre substâncias compostas

Presta atenção.
Aquele lá, lá longe, cruzando o rio com as calças enroladas até o joelho e a postura mais curva que a curva do vento, não é você?
Ele anda dois passos por vez e não sai do lugar, porque é um pra frente e outro pra trás. Não seria ele você?
Ele corre desesperado, pra frente e pra trás, pra frente e pra trás, pra frente e pra trás e daí cai.
E o rio continua como uma manada furiosa de hidrogênio e oxigênio (e os elementos todos que compõe as pedras todas e os galhos todos e tudo o mais que um rio carrega de brinde) o pegando de jeito pela esquerda. Dois pra um.
Mas a verdade é que funciona muito bem e o caos químico, de aleatoriedades mil, vive como uma só entidade.
Mas e você? Você, carbono.
Ele, carbono.
E o rio tudo aquilo e é um só, e ele que é somente ele mesmo, age como se fosse dois.
Você, dois.
Um pra frente, outro pra trás.

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