17.2.11

Sobre as doninhas no meu quintal

Anunciaram as cornetas que era a hora do leste e do oeste se golpearem sem dó nem piedade bem no centro de tudo.
E aí as bandeirolas do nascente tentavam se agitar mais forte que as do poente e vice-versa.
De onde eu tava não dava pra saber qual exército desvairado era o mais cheio de gente ou, mais incerto ainda, mais cheio de razão.
Só sei que foi assim: pela esquerda trotavam os mais fracos e pela direita os mais fortes, e quem os dera fossem com força vencidas todas as batalhas.
A questão era o grito e, nesse quesito, todos gritavam alto demais pro meu gosto.
Virei meu rosto. 
Atrás algumas centenas erguiam protestos a favor do "cara ou coroa", e outros, numa boa, ouviam seus walkmans voltados para o sul, para o norte... qualquer lugar menos para alí.
E, como tola, eu ia dizendo no alto-falante que nesse reino quem manda sou eu, mas ninguém queria saber do meu reino ou de mim.
Gritaram demais e ficaram surdos, e agora eu estou só esperando ficarem também mudos para tirar os tampões encardidos do fundo das orelhas e poder prestar atenção de novo na música que cantava o rouxinol antes de o mundo ficar louco.

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