27.5.11

Sobre interrupção

É uma enorme sinfonia que escancara as tuas janelas empoeiradas numa sexta-feira descompromissada qualquer.
É enorme, e e mais: é extravagante.
Cada milímetro quadrado do teu cubo espremido - que, por menor que seja, é teu mundo todo alí - se preenche de sensações vindas da Lua, de Marte, de um Gliese 581c desses aí ou ainda mais além que tudo isso. Quem sabe?

E, puxa vida, como é que você tem prazer em respirar tudo isso que te é tão alienígena mas que ao mesmo tempo te é tão mais íntimo do que a terra batida onde tocam seus pés e te é tão mais conveniente que o próprio oxigênio.
Você respira fundo e você nem consegue acreditar.
Uau...

Uau! de novo.
Está tudo bem alí, dançando....
E não apenas isso!
Porque você já viu como são as danças algumas vezes e sempre foi até que legal, e você até que aplaudiu; mas a verdade das verdades - por doída que seja - é que ninguém nunca te pegou pra dançar juntinho...
Ou então... ou então - você se lembra -, ou então até pegou, mas você estava dormindo ou vendo TV.

Dessa vez não, dessa vez você não ousa piscar, e aí você e aquela ode toda a sabe-se lá o que - a deus, ao quadro na parede, a você... sei lá! - valseam de um lado pro outro e de novo e de novo e não existe cansaço, só existe a vontade; só existe o movimento em puro estado de inércia - a inércia certa dessa vez.

Só que daí, como que pra te colocar no teu lugar, sem mais nem menos BLAM!: a janela se fecha e o som acaba e não existe nem um rallentando amigo camarada para te avisar que já era tudo, pra te poupar do susto do vazio, da ausência.
Só o baque mesmo, só o tapa bem no meio do fraseado, bem no meio do compasso...

Uma nota rachada fica engasgada na tua garganta e a única coisa que você pode fazer até a próxima primavera é beber muita água e comer muito miolo de pão pra ver se ela vai embora... ou, pelo menos, se der sorte, arranha um pouco menos porque desse jeito que tá você não dura até amanhã.

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