9.7.11

Ato I e Ato II, uma análise

Sentava-se, bem como quem não quer nada, na beiradinha da ribalta e sacolejava as pernas magricelas do modo provocativo que tinha aprendido nos filmes.
Usava um rabo de cavalo bem alto, tão alto que já se entortava para a esquerda. Até que ficava bonitinho.
Ela tinha 13 anos e se considerava muito sabida, e se considerava muito entendida dos assuntos adultos, e se considerava mesmo de tudo um pouco.
Era bom esse tempo em que de alguma forma a mente era capaz de abarcar o mundo sem medo...
Mas agora era ela sentada, como quem não pode nada, na beiradinha da mesma ribalta e era ela se mantendo o mais estática possível que era para não chamar atenção às pernas magricelas demais.
Usava um coque sóbrio e teimava, quase que mecanicamente, em prender atrás da orelha os fiapinhos rebeldes que lhe escorriam ao rosto.
E eles até que eram bonitinhos, e ela não sabia.
Ela tinha 26 anos e se envergonhava das suas ignorâncias, e se desesperava com a idéia de ser adulta, e se desesperava com a própria pequenez.
Sombrios esses tempos, em que a mente suprime o coração e os vazios inflam o peito para fazerem mais volume que as certezas.

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