9.8.11

Sala de espera

Não sei que é que há em mim que me faz assim tão doída.
Cada hora dói de um jeito, num ponto diferente... (mas a faca é sempre a mesma!)
Não sei que é que eu faço com tanta dor, se tomar remédio resolve?
Se alguém me massagear inteira, adianta?
E acupuntura?
'Resolver, resolve', é o que me diz o farmacêutico... "só por agora, talvez."
Ora, senhor farmacêutico! Mas só que só por agora não me serve!
Quero uma operação, quero revolução!
Quero me construir num laboratório.
Pode?
"E o que é que você quer que eu faça com teu corpo, garota?" Vai me perguntar o cirurgião plástico, cheio de bisturis à tiracolo.
"Com o corpo, faz o que quiser, mas para meu coração e a minha mente estou pensando em algo puxado pra um basalto, quiçá um granito, por favor... nada muito extravagante."
Daí o doutor vai me dizer que só entende de carcaças e que se eu quiser mineralidades ele pode até me dar, mas o coração sempre vai tar palpitante em algum lugar mais pro fundo.
"Mas é justo o coração que..."
E aí ele vai só me lançar balançadas de cabeça e me por pra fora.
Daí acho mesmo que a última esperança vai ter que ser botar com tinta vermelha nos melhores classificados da cidade e ver se algum mágico bem disposto tem colhões para o meu tratamento de choque.

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