Não sei que é que há em mim que me faz assim tão doída.
Cada hora dói de um jeito, num ponto diferente... (mas a faca é sempre a mesma!)
Não sei que é que eu faço com tanta dor, se tomar remédio resolve?
Se alguém me massagear inteira, adianta?
E acupuntura?
'Resolver, resolve', é o que me diz o farmacêutico... "só por agora, talvez."
Ora, senhor farmacêutico! Mas só que só por agora não me serve!
Quero uma operação, quero revolução!
Quero me construir num laboratório.
Pode?
Quero uma operação, quero revolução!
Quero me construir num laboratório.
Pode?
"E o que é que você quer que eu faça com teu corpo, garota?" Vai me perguntar o cirurgião plástico, cheio de bisturis à tiracolo.
"Com o corpo, faz o que quiser, mas para meu coração e a minha mente estou pensando em algo puxado pra um basalto, quiçá um granito, por favor... nada muito extravagante."
"Com o corpo, faz o que quiser, mas para meu coração e a minha mente estou pensando em algo puxado pra um basalto, quiçá um granito, por favor... nada muito extravagante."
Daí o doutor vai me dizer que só entende de carcaças e que se eu quiser mineralidades ele pode até me dar, mas o coração sempre vai tar palpitante em algum lugar mais pro fundo.
"Mas é justo o coração que..."
"Mas é justo o coração que..."
E aí ele vai só me lançar balançadas de cabeça e me por pra fora.
Daí acho mesmo que a última esperança vai ter que ser botar com tinta vermelha nos melhores classificados da cidade e ver se algum mágico bem disposto tem colhões para o meu tratamento de choque.
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