10.8.11

Sobre o (des)movimento das nuvens

Daí cê sente um troço esquisito batendo na tua cabeça e daí cê passa a mão e tira: um insetinho.
Cê passa as próximas duas horas vendo como é tola a vida do insetinho, andando de cá pra lá, de lá pra cá... e aí volta tudo de novo - ele age como se soubesse pra onde tá indo.
Cê fica pensando quantos centímetro tem o raio de visão do minúsculo artrópode esverdado, cê fica pensando que o coitado se soubesse o quê é que tem ao redor - absolutamente nada de interessante - já teria destravado as asas e ido embora.
Daí cê fica pensando também quantos metros tem o seu próprio raio de visão, cê fica pensando que alí nas suas proximidades não deve ter é mesmo nada de bom também, e que se cê tivesse umas asas... ah! se cê tivesse umas asas!
Mas cê não tem... e uma gota gorda escorre pelo vidro embaçado do trem e cê se satisfaz que ela cumpriu o papel que sua lágrima cumpriria se cê tivesse coragem de se livrar da carapaça e chorar em público.

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