1.8.11

Sobre o limiar entre o humano e o palhaço

Às vezes as paredes me olham torto e os tapetes se esguicham para os cantos para eu passar.
Às vezes a Lua se esconde atrás das nuvens e as nuvens por sua vez teimam em tentar uma fuga à francesa, evaporando-se em meros segundos. - Embaraçada, a Lua torna à tona... mas de brilho diminuto dessa vez.
Em tais ocasiões, os coelhos dão no pé se ouvem meus passos e os pássaros passam batidos pelo meu céu.
Pergunto ao verme que foi que eu fiz de tão mal assim e então ele me responde com torções e espasmos no débil corpo esverdeado.
Me sento angustiada na relva baixa e ouço as ciganas cigarras me lançando maldições em cantos zombeteiros e vejo os vagalumes sinalizando em morse uns para os outros alguma coisa maliciosa ao meu respeito.
Me olho no lago e (não) me vejo.
É nesse ponto da noite que eu entendo que carreguei demais na maquiagem de ser-humano antes de sair de casa.

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