29.9.11

Eu não sei o que faço com esses olhos.

O mar adentra cada vez mais fundo no que antes era um lago.
(Pela escotilha o gato espreita.)
Meu "aqui dentro" arde, a tarde despenca, meu mundo desaba:
Estou de pé na proa e com dor.
O peito estufado não me convence como um dia me convenceu.
A boca se enruga por milímetros nos dois cantos e só eu sou capaz de ver, só eu.
Ao mesmo tempo que olha pro chão, olha pra lua e eu olho pros dois por medo de perder alguma coisa.
Olho o que os olhos olham, mas jamais pros olhos.
(Pela escotilha o gato espreita cheio de malícia.)
A tarde virou noite, e a noite é deveras fria...
A proa se põe a dormir. Eu espero.
Semblante estático, que medusa foi que te abateu?
Eu não sei sobre os seus olhos, eu nunca vou saber...
Como é que se passa a saber de olhos se a gente não pode olhar por medo do que há neles?
Cogita-se.
Hoje já é amanhã.
Estou (ainda) de pé na proa e com dor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário