9.3.12

A maneira mais fácil de tocar o terror no mundo é não fazer nada.

Eu atravessei a cozinha feito um raio, louca por alguma coisa que eu nem sabia o que era.
Fiz as panelas todas caírem ao chão com um estrondo que todo mundo ouviu, menos eu.
Eu sempre fui agitada assim, desastrada assim, revelada assim.
Sempre me ouviram, sempre me tocaram, sempre me souberam.
Eu nunca soube ninguém.
Tudo o que eu toco no mundo é farelo, é o pó acumulado sobre o móvel - jamais o próprio móvel, por ele mesmo.
As panelas ricocheteando pelo chão e eu passando direto.
Não tenho tempo pra trovoada acabar de ressoar...
Só tenho tempo pra procurar o tempo, pra pensar no que fazer com ele.
Só tenho tempo pra pensar que não tenho tempo, pra me sentir velha... passada pra trás.

A maneira mais fácil de tocar o terror no mundo é não fazer nada.


E enquanto eu avanço gritando que vou passar, enquanto eu coloco fogo no chão com o toque dos meus pés, enquanto eu arrasto a lua pra minha cama, enquanto eu atiro as bombas no seu quintal...
Você é a pessoa inexistente, cavalgando sua valquíria que não é absolutamente nada e calando a boca mais uma vez só pra fingir que não me viu derrubando as tais das panelas (ou talvez até tenha visto, mas isso não é tão importante assim).





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