14.8.12

La seule chose insupportable...

... c'est que rien n'est supportable.
-Rimbaud


A única coisa insuportável é que nada é insuportável.
As paisagens são irrelevantes, já foram vistas e ditas.
Nada é novo.
Tudo o que eu queria dizer alguém já disse...
Só tenho tido possibilidades para a concordância, há tempos.
Tipo alguém que não consegue enxergar o que sente,
Tipo alguém que, quando finalmente diagnosticado,
Balança a cabeça molemente para dizer que sim.
Sim, é isso... é tudo isso.
Seja lá o que tudo isso for.
"É preciso delirar o mundo...", dizem.
Já não me caibo mais em mim -
Mas tenho de caber,
Porque afinal não sou nada além disto.
Queria que fosse eu quem dissesse o que há para ser dito.
Dizer palavras a que se há de concordar.
Queria vê-los, aos outros, balançando cabeças tipo eu.
Paralisados.
Sinto que todos sofrem, ainda que desapercebidamente,
Dessa paralisia.
Sinto não! Presumo...
Só podem sofrer, só podem...
E como não poderiam?
Eu delirei o mundo de madrugada 
E sonhei vi.

A paralisia é o precedente...

Agora sofro de um despertar chocado:
Uma cãibra.
[O sol é grande demais, mas cabe na minha janela.
E o coração que é pequeno não me cabe nem no peito.]
Tudo está aí para ser aprendido, devorado. - vejo.
Quero.
Mas nossas bocas...
Nossas bocas têm de mastigar..
Arre! Há de haver mastigação,
Antes de o corpo ter acesso ao que interessa.
Daí que aprendemos só restos.
Engolimos lixo...
Porcos se empanturrando de meias-verdades.
Jamais nos nutriremos do aprendizado intacto
E impoluto.
"É preciso delirar o mundo..."
Mais esperançoso seria se fosse eu quem fosse
Só um delírio do mundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário