21.10.12

Barco de Farpas

À deriva o céu está mais para a cor do mar.
Um barco flutua no imaginário e as vezes o imaginário flutua no concreto.
Miragem?
Quem vagueia feito garrafa PET numa longe-longe-longitude perdida de um oceano sem nome imagina barcos;
Quem vagueia na memória vira cego aos barcos reais.
Neblina cai ao invés da chuva, em gotas grossas de tristeza, por cima do que sobrou da gente na superfície.
E quando a gente se vê ainda pendurados nessa superfície duvidamos se somos heróis ou meros fúteis superficiais, ao literal e figurado.
(Os homens naufragados ao menos têm a glória.)
Ao longe vem um barco de resgate, ou um barco de farpas. - ou um barco de resgate cheio delas?
E se a única salvação é o inferno? E se quando a gente pisar no bote a borracha for feita de lava?
(E se nós não formos gloriosos o bastante para, em última instância, poder assumir naufrágio?)
Um barco de farpas imaginário (ou real?) cansa muito os pensamentos...
E a gente hoje precisa de uma alegriazinha que seja.... uma esperançazinha.
Nos ocorre:
As nuvens são as ondas do céu, onde surfam as gaivotas, e as ondas são as nuvens do mar: Um náufrago ainda-não-totalmente-naufragado pode então ser considerado passarinho?
Assim está melhor para se pensar.
E de repente, de novo: Adeus, adeus, Barco de Farpas!, esse também já foi embora...
Toda miragem tem um tanto de realidade e toda realidade tem um tanto de miragem. Só depende de quanto tempo durou a piscada da vez.




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