2.10.12

Diário de Calçada Deixada pra Trás

Ficava a pensar nos prédios que são altos e que se alaranjam com o poente e que se diluem nas nuvens e que cobrem todo o chão como que uma cama de pregos indiana.
Ficava a pensar na quantidade de janelas decoradas de luzes, mesmo no meio da hora mais vulgar (e mais sagrada), ficava a pensar em quando pensava sobre as verdades do universo tendo as janelas decoradas de luzes como precedentes do pensamento.
O pensamento se diluia enquanto que derramado janela do prédio afora - feito lágrima despejada de um balde de flores que se vai rolando até o chão e que daí se evapora pelo caminho e sobe de volta, chegando nas nuvens alaranjadas do poente e depois chovendo com elas em tom de melancolia por cima dos pregos...  (enferrujando os pregos sem a gente notar.)
E nenhum dos pensamentos ficou guardado no peito e nenhum sentimento ficou guardado no cérebro, mas ainda a imagem dos prédios-pregos e suas janelas tristes e piscantes permanece colada à retina como fosse um trauma ocular... como fosse a própria Nostalgia que cristalizou ali e depois emudeceu.

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