5.2.16

Há um certo segundo na sua vida, um segundo liso como um plástico, em que você passa a se identificar como um adulto. Isso mesmo, você agora é uma pessoa de verdade. Seus braços são braços, suas pernas são pernas, sua casa é uma casa, você tem copos, quadros, janelas e fins de semana. Mas em algum lugar, debaixo disso tudo, discretamente pulsando debaixo do piso de madeira, soprando um aroma de capim pelas frestas das portas, há uma esfera dourada que um dia você chamou de coração, de alma, de cosmos, de presença, sei lá!... uma esfera que era tudo: o bom e o ruim.
E apesar das paredes grossas, das colunas de concreto, dos diplomas, dos novos sons e das transformações, se você olhar bem de perto dentro das suas unhas e no vão entre os seus lábios, você verá um raio dourado pulsando freneticamente ao som de todos os segundos que você já viveu (na sua cabeça e fora dela).

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