Ele era do tipo que trancava a porta do banheiro mesmo morando sozinho e sabendo que ninguém o veria fazendo xixi.
Não que ele achasse que haveria alguém espionando ou coisa do tipo, ele só trancava a porta porque era assim que deveria ser feito.
Havia uma porta alí. Era um banheiro.
Nada mais natural que fechar.
Mas fechar era pouco, era uma atitude incompleta.
E ele era do tipo que levava tudo até o fim.
Ele trancava a porta.
Num dia de grandes problemas intestinais ele esqueceu a porta aberta e descobriu que poderia fazer suas necessidades enquanto assistia a TV da sala.
Aí tudo mudou:
Ele então era do tipo que não trancava a porta sob hipótese nenhuma.
Ele era agora do tipo que andava nu pela casa, que fumava charuto pelado na rede, que finalmente se sentia livre para cantar Bruno e Marrone em alto e bom som.
Ele era livre.
Ele era agora do tipo que se via no espelho sempre que possível (parava durante vários minutos para se admirar enquanto alisava a protuberante barriga), mas demorou muito para perceber que aquele que ele via não era ELE.
Porque ELE era do tipo que trancava a porta do banheiro mesmo morando sozinho e sabendo que ninguém o veria fazendo xixi.
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Existem ainda outros que trancam a porta do banheiro mesmo quando fazem xixi atrás da árvore.
ResponderExcluirExistem ainda outros que trancam a porta 7 vezes para ter certeza de que ninguém vá entrar, e ainda abrem e fecham a privada 12 vezes para não terem cálculo renal.
ResponderExcluirEsses são aqueles que guardam tudo a 7 chaves.
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