20.8.10

Sobre a necessidade de metaforizar

A gente sempre achou que a estrada de terra é a metáfora perfeita para o "rumo" que todo mundo quer encontrar para si:
O rumo que leva adiante, o rumo que vai além, o rumo que guarda um mistério... mas desses que a gente possa ver logo alí no final da curva antes de topar com ele nosso dedão do pé (conheço alguns que olham para cima antes de topar só para poder fingir surpresa depois) e, o mais importante, o rumo que só nos cobra um passo depois do outro e o resto é por conta da estrada e das condições climáticas.
Eu sempre achei que tivesse algum problema com os meus pés, porque por mais que eu coloque um na frente do outro a gente não sai do lugar. A gente rodopia, a gente muda, a gente enjoa, a gente se diverte. Mas a gente tá sempre aqui e, se a gente muda de lugar, não acho que seja pra frente. Eu nem sei o que é frente e o que é esquerda e o que é direita. O que é atrás então nem se fala.
Eu acho que às vezes eu dou uns pulos, porque fica a sensação de que deixei algo passar. Dá um branco, dá um perdido. Daí eu não sei de onde diabos eu vim e nem pra onde eu vou. Eu só (acho que) sei onde eu tô e pra onde eu quero ir.... triste, mas o pior de tudo é que não sei pra que lado isso fica. Meu melhor palpite é que fica pra cima, mas aí eu vou na loja e peço um par de asas de boa qualidade e eles dão risada.
Mas isso tudo só palpite e a única coisa que eu tenho certeza é que não posso mais ver meu caminho como antes o via.
Agora está bem claro que meu caminho é pra frente sim, mas pra frente de acordo com todos os pontos referenciais. O pra frente de todas as direções, incluindo o avesso.
Daí eu simplesmente tive que abrir mão da metáfora da estrada de terra, porque ela é esburacada demais pro meu gosto e essa é a única coisa que estradas e meu rumo tem em comum.
Não sei se é pra me tranquilizar ou se é pra me pôr pânico, mas noite passada olhei pro céu e vi fogos de artifício e neles eu vi de que modo se dá a minha rota:
Pra todos os lados, ao mesmo tempo e o mais desordenadamente possível.
São 3 dias de vontade, 20 minutos de preparo, meio segundo de BOOM, 2 segundos de suspense, 5 segundos de consequências (pá, pá, pá, pá, pá!), 1 minuto de deslumbramento e 5 horas de saudades.

Um comentário:

  1. posso invadir a Corte? rss
    mto bom esse blog.
    escrevi algo sobre metáforas há um tempo:

    http://osreinosinimigos.blogspot.com/2010/07/fuga.html

    talvez seja por isso que abandonou a metáfora da estrada ...
    metáfora é sempre fuga!

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