12.8.10

Sobre a virada

Esses dias em Marte nasceu a mais inimaginavelmente perfeita das flores.
Antes dela, Dorotéia tinha certezíssima absoluta que vivia em solo morto. Ela já tinha até se acostumado com a idéia de ter que encarar o descampado rubro e ter que encarar a monotonia toda e ter que encarar aquela frase que um dia o Vento (grande sacana!) modelou com os grãos de areia:
"Por aqui só tem você, não adianta chorar."
A menina só viu a flor pela luneta, e só vai saber se é só miragem quando for até lá e puder dar uma bela de uma tragada em seu perfume.
Até lá, diz ela que vai segurar a onda para não rir da cara do vento, mas eu poderia jurar que jaz bem agora cravado lá embaixo de onde ele assinalou seu deboche algo que diz mais ou menos assim:
"Quer apostar quanto, seu paspalho?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário