23.8.10

Supernova

O consolo pra quem desaprendeu a recomeçar é que o recomeço é mais uma questão de física do que de escolha e, seja agora ou daqui a um bilhão de anos, um dia a explosão vem.
E isso, temos certezíssima absoluta, será um evento e tanto e nos arrepiamos inteirinhos só de pensar.
Mas a gente, esse tempo todo, esperou demais e agora a gente resolveu outra coisa:
A gente resolveu que enquanto o "bum!" não vem a gente fica por aí mesmo, rolando em nossas órbitas limitadinhas (mas bonitas!) e tentando manter o fogo aceso que é pra pelo menos poder ver aqueles três palmos à frente do próprio nariz que a gente gosta de achar que é o universo inteiro.
E, se a gravidade estiver ao nosso favor, um dia desses quem sabe nosso nariz não colide com um outro que tiver se desviado da própria rota e aí os palmos se amontoam e passam a ser seis?
Bonito mesmo seria se ambos os narizes estivessem na rota errada: formariam uma nova trajetória, trilhada à quatro patas, descrevendo no céu um movimento no ritmo que se bem entender.
Isso por si só já seria bastante estimulante e bastante novo, e nós aqui estamos muito propensos a acreditar que a radiação cósmica resultante seria tão intensa quanto a que teria nossa tão sonhada supernova, e aí, quando esta viesse até nós, a gente até pediria uns segundinhos a mais pra poder fazer a translação da despedida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário