6.10.10

Meia hora

A gente resolve que mais meia hora é  a última chance, que depois que se escoarem os grãos todos a gente vai parar de vez.
Daí a gente aguarda a vez do outro, com as mãos repousando sobre os joelhos balançantes como que tentando interromper o tique nervoso.
Mas a gente descobre que não dá para interromper.
A gente descobre que aguardar dói.
A gente quer trapacear, a gente quer um atalho, simplesmente. Simplesmente...
Simplesmente pular tudo isso, todos esses minutos que parecem dobrar a cada esquina, até a hora em que outro irá cair na real.
A gente então resolve fechar os olhos e acelerar o processo, empurrar os segundos até o limite... e a gente faz isso e daí a gente pensa que a gente resolveu a questão, que o tempo passou e a gente não sofreu e a gente não suou e não surtou e que o nosso coração não saiu pela boca e que os nossos joelhos não balançaram.
Mas como uma mola dessas tão cheias de voltas, assim que a gente larga: ZUM! Os segundinhos voltam todos para onde estavam.
A gente olha no relógio e nada mudou e aí continua lá aquela meia hora pela frente que a gente vai ter que percorrer a passadas curtas. Curtíssimas! Tão curtas que eu acho que se percorre com as pernas amarradas.
Depois do primeiro passo começa o pulso a palpitar e você sabe que não demora e escorre pela têmpora a primeira gota.
Meia hora é tempo demais! É tempo demais...
Não dá.
Você engole 25 minutos e meio e uma bela quantidade de amor próprio e aí vai atrás.

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