5.12.10

É que era oco, é por isso que ecoava.
Oco.
Mas achava que era tão cheio de tudo, cheio de gente, aquele monte de vozes se sobressaltando...
Achava que era tudo muito cheio de gente... alí.
Mas era oco e não tinha nada e a única coisa que tinha eram as ondas sonoras se propagando e se multiplicando no espaço. Sem escape.
É que algum dia esteve aberta, a casca.
E foi nesse dia que entrou o pio, mas a porta fechou e ele não saiu.
Ficou sozinho lá e se reinventou de mil formas, todas as formas.
Falantes de qualquer lingua poderiam entender o que quisessem com tanto ruído misturado.
E era isso que faziam.
Mas um dia descobriu que na verdade o ruído já era silêncio ha eras, e tudo não passava de uma grande alucinação coletiva: saudades das conversa, que acabou virando pensamento, que acabou virando crença.
E no final das contas tudo é uma mera questão de fé e cegueira.

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