21.2.11

Sobre esse, esse que é

Ia caminhando em pensamentos deitado na cama e falando sussurrado sobre a lua para quem quisesse ouvir, bem desse tipo de gente que sequer existe. Ninguém quer ouvir da lua... essa lua que é quase tudo o que existe no mundo (esse mundo que é só de dentro), menos satélite, menos pedra, menos crateras. Essa lua que é tudo, menos o que é.
Daí essa lua... essa lua que é só um conceito qualquer que serve de depósito de abstrações mal formuladas (às vezes até mesmo copiada, de uns coitados poetas)... essa lua completamente outra lua que não aquela que boia entre estrelas; essa lua uma hora morre e aí volta aquela que é só satélite e pedra e crateras.
Ia quase dormindo, sonhando (mas com um pé no gelo do chão) sobre montanhas para quem quisesse sonhar junto, bem esse tipo de gente que só sonha junto num sonho.
Ninguém quer sonhar junto sonho dos outros, só os próprios sonhos... dai sonhava ele sozinho mesmo sobre montanhas várias... dessas montanhas que tem algo especial no cume, dessas montanhas que valem a pena subir para ver o que é... dessas montanhas que são meio fáceis, meio difíceis, mas mais fáceis que difíceis... dessas em que decididamente não se precisa pensar no difícil.
Essas montanhas que não são nem um pouco parecidas com aquelas outras que a gente já tentou subir e arrebentou as pernas sem conseguir chegar no topo (dessas outras, que se chegasse lá não teria muita coisa além da oportunidade da descida).
E quando via já estava dormindo, o um com o coração na lua, as idéias nos pontos mais altos do mundo e um pezinho escorregado no chão.
Esse um, que é coisas várias, que é tudo... só não é só carne e ossos e deveres como era esperado que fosse.

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