22.2.11

Sobre o que a gente não se lembra de olhar (e passa por cima)

Via você o lustre balançante, solitário no centro do teto e longe de tudo, que balançava devagar, cantando canções de ninar em idioma desconhecido.
Ia você adormecendo, coração batendo certo com os pulsares do objeto acorrentado, dependurado sem dó, de castigo.
Ia sonhando você, e nem suspeitando da luz do lustre que, projetada no tapete de palha, se debatia vigorosamente em contraponto ao gerador de mornos sentimentos e tão pouco convincente (e que pena que ninguém anda anda olhando para o chão).
Um outro que passasse, se de olhos atenciosos,  perceberia o funcionamento do espelho de face dupla:
Ao que ia o coração teu rallentando para acompanhar a entediada lanterna,  ia também, pelas penumbras, a alma tua que, con fuoco, atentava a cada virada brusca da coitada sombra que ia girando e girando desnorteada e perdida... feito fiapinho deixado pra depois (e esquecido).

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