13.3.11

Sobre quando a gente amanhece pensando que hoje ainda é ontem

Três quarteirões cidade abaixo e a vista era espetacular.
Meu passo apressado corria atrás de alguma pista, do tipo de pista que a gente não faz a menor idéia se está nas pequenas ou nas grandes coisas.
Daí ia eu girando a cabeça e olhando pro alto e olhando pro chão, ora perguntando ao sol, ora perguntando pruma fomiguinha apressada: Você viu pra onde é foi o último bloco de carnaval?
Cadê o meu bloco de carnaval?
Eu não sei pra onde é que foi!
Eu nem sei como é que ele é, só sei que ele é assim... meio assim.
Aí eu mexia as mãos numas contorções disparatadas e daí a formiga ia embora e o sol também ia se pondo antecipadamente atrás da primeira nuvem que passou mais devagarzinho.
E aí eu ficava sozinha, numa rua superlotada de outras gentes, mas sozinha.
E os pombos sacanas não paravam de grasnar que eu perdi meu bloco, que eu perdi meu bonde, que eu fiquei a ver navios.
E serpentina pelo chão e confete no alto dos telhados e vozes por todos os lados... mas sem sinal de música.
Cadê meu bloco?
Eu não sei pra onde é que foi!
Eu só sei que era pra eu ter ido junto.
E BAM, era eu trombando numa placa improvisada especialmente para mim (todos nós que somos "mims" perdidos por aí) e que dizia que a festa acabou, que não tem mais espuma, que não tem mais batuque, que não tem mais dança, que não tem mais carnaval.
Que isso tudo daí foi ontem, quando também me foi deixado o rastro de miolinho de pão pra eu chegar lá onde devia...
Mas vinte e quatro horas e vários minutos é tempo demais, tempo que dá de sobra pros pardais encherem a pança e limparem a rua pra nós enquanto eu continuava dormindo.

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