12.3.11

Sobre movimento e inércia

Me mantive no vai e vem, deitada com o rosto afundado em céu já quase anoitecido, e daí eu via os galhos contorcidos de árvores várias que se misturavam as copas, que se intrometiam umas nas outras, e daí eu olhava e sentia elas como sinto a gente quando fica de mãos dadas.
Entrelaço no alto e eu por um instante sem aquelas cordas todas que cismam em brincar de namorar comigo...
E daí o céu picotado ia iniciando sem pedir licença o sutil borbulhar de estrelas aqui e alí, erupções macias de cada um dos pontos cruciais deixados de brinde para as minhas idéias descobrirem os desenhos escondidos das constelações.
E eu ia e eu vinha e eu ia e eu vinha e assim se mexiam as ursas e os cães e os signos, como se valseassem ao comando da minha batuta.
Eu só precisei dar o impulso inicial, e gravidade fez o resto pra mim.
A gravidade fez o resto pra nós, porque eu esqueci tudo aquilo que doía e só ficou uma danada de uma boa sensação de que pra ir pra sempre, navegando entre os lânguidos galhos e os milhares de portos seguros iluminados no céu, minha única tarefa verdadeira se baseava simplesmente em dar cabo do artrito.


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