8.4.11

Sobre decepção

Amadeu quando tinha nove anos, gordinho que era, vivia rondando a cozinha fumacenta da avó com o pescoço esticado tentando descobrir de tudo o que estava no balcão.
Amadeu não conhecia o grande perigo de se esperar demais das coisas e era bem por isso que quando via o creminho amarelinho trancado no pote não pensava duas vezes e enfiava o dedão pra provar o gostinho doce de creme holandês.
Olhava de um lado, olhava do outro,tentava mastigar a papa insossa, sentia o cheiro... e daí a repulsa.
ANGÚ!
"EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEECAAAAAA!!! TÔ FORA, VÓ!!!"
E aí cruzava os braços roliços e se avermelhavam as bochechas fortemente com a zangueira toda.
Amadeu era mais chegado em doces.

Amadeu quando tinha 21 anos, inocente que era, viva rondando as praças e os clubes e as redes sociais com o sorriso alargado tentando conhecer gentes boas para serem companhias de conversas (e, quiçá!, um namoro!?).
Amadeu não conhecia o grande perigo de se esperar demais das pessoas e é bem por isso que quando blá blá blá blá blá...

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