10.4.11

Sobre o banco de reservas

Eles te esconderam colocaram atrás do piano faz um certo tempo já.
Você, inocente!, pensou que fosse também um lugar de destaque e ficou se exibindo orgulhoso para umas poucas aranhas e traças.
Não deu muito e as tais das aranhas começaram a prender suas teias em você e as tais das traças começaram a se interessar também.
Você não se importou, você  queria que fosse  achava que era simplesmente um sinal das coisas se estabelecendo, que dalí você não sairia mais porque se integrou ao ambiente.
Quando os cupins começaram a mastigar sua estrutura você repensou isso, você repensou se era a esse ambiente que você gostaria de se integrar. Mas interrompeu o pensamento antes de saber a resposta, porque já sabia que ela seria doída demais.
Você se pegava uma ou duas vezes por dia pensando que era bom que o mofo começasse a aparecer logo, assim eles sentiriam o cheiro e tomariam as providências.
Mas nada, nem sequer ouvia reclamações.
"Como - você se perguntava indignado - poderiam eles passar imunes ao mesmo algo que me destroi completamente?"
Você gostaria, agora sem remorso, que eles começassem a mofar também.
Você gostaria que eles sentissem na pele o corroer das traças e aí eles saberiam, e daí eles te dariam o valor.
E daí eles te tirariam de lá, daí eles te limpariam, te devolveriam à sua moldura feita sob medida e daí.....
Daí te pendurariam de novo na parede central da casa, onde te fizeram por muito tempo acreditar que fosse o seu lugar e de onde te tiraram ao primeiro sinal do desbote.

Nenhum comentário:

Postar um comentário