11.4.11

Sobre Falso Querer

Era engraçado como sempre sobrava uma janelinha azul brilhante no meio do céu escurecido de tempestade.
Era engraçado, eu sempre achei que ela estava alí que era pra gente passar por ela, que era pra gente chegar lá, no nosso OZ.
Curioso terem (deus ou sei lá o que) colocado aquela janelinha lá, a parte mais difícil.
Colocaram ela lá e ela gritava sorridente algo como "VENHA!".
E eu queria ir, eu queria.
Mas aí olhava pra cima e percebia que algo essencial faltava: a escada.
Não tinha degrau!!!
Nenhumzinho.
Eles botaram aquilo lá em cima como uma grande piada.
Só pode ser...
Uma piada.
Era como me mostrar tudo o que eu poderia ter e ao mesmo tempo esfregar na minha cara pálida que a verdade das verdades é que não: eu não poderia ter não.
E as andorinhas atravessavam o tunel da toca do coelho da alice na maior das facilidades, e daí iam-se todas cantando:
Que peninha de quem não sabe voar!
Que peninha que me dá!

Que peninha de quem não tem peninha
Não tem peninha pra voar!
Que peninha que me dá!
E eu olhando, e fazendo toda sorte de gestos obscenos e respondendo um "pois eu não queria mesmo!" muito pouco convincente.
Daí sentava à mesa do chá e fechava bem forte as cortinas e tapava bem tapados os ouvidos e daí ia ver tv ... que ver tv  é mais fácil que ir no bosque serrar carvalho forte pra fazer os primeiros degraus.


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