10.7.11

And it's: "Hello, baby!"

Quanto eu fiz quatorze anos o mundo me deu de presente um gato malhado da cor do fogo e foi no reflexo dos olhos dele que eu me enxerguei pela primeira vez.
Um dia meu gato foi embora, eu tinha quase dezessete, e eu então me observava tanto em todos os espelhos e superfícies refletoras, de todos os ângulos possíveis, que eu nem percebi sua partida.
Hoje em dia passo a maior parte do ano acreditando piamente que meu felino enfaiscado partiu desta para melhor, simplesmente porque é mais fácil assim.
É mais fácil assim que sair por aí procurando por ele, deixando posteres desesperados em cada poste.
Algumas coisas a gente perde e pronto, algumas coisas a gente tem que deixar ir. E pronto.
E de qualquer jeito às vezes topo com umas bolas de pêlo agarradas em cantos aleatórios de mim e então sobe o cheiro exato que ele tinha... e de qualquer jeito, quando isso acontece, me sobe o cheiro exato que tinha eu! E, curioso, mas em ocasiões assim tenho a sensação de que alguém anda também se refletindo nas minhas pupilas.

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