16.7.11

Sobre preço

Existe uma engenhoca que funciona dentro do nosso corpo e ninguém sabe, que fui eu que descobri, numa noite dessas bem sem estrelas.
Eu dizia: Vai, coração, pode bater forte.
E aí ele batia, e aí meus olhos se fechavam.
E aí eu dizia: Chega, coração! Você já bateu demais... agora volta a ser músculo, e só músculo e nada mais.
E aí meus olhos se abriam de novo.

E deve ter é bem umas cordinhas invisíveis que ligam os dois, porque já falseei de todas as formas possíveis e não restam mais dúvidas: se o coração bate, os olhos não podem ver e vice-versa.
Agora a minha questão é decidir o que é que eu vou querer aprender a viver sem.

2 comentários:

  1. "Talvez quem vê bem não sirva para sentir
    E não agrade por estar muito antes das maneiras.
    É preciso ter modos para todas as cousas,
    E cada cousa tem o seu modo, e o amor também.
    Quem tem o modo de ver os campos pelas ervas
    Não deve ter a cegueira que faz fazer sentir.
    (...)
    Eu não sei falar porque estou a sentir.
    Estou a escutar a minha voz como se fosse de outra pessoa,
    E a minha voz fala dela como se ela é que falasse."
    Alberto Caeiro

    ResponderExcluir
  2. Eu não sei se o mestre em questão é o Caeiro ou você, que sempre tem os versos certos pra cada situação.

    ResponderExcluir