11.8.11

Do Moço e da Moça IX

O sujeito nunca iria entender que é que se passava na cabeça da garota.
O sujeito não entendia era patavinas daquele comportamento pendular, curiosamente estático no fato de ser invariavelmente variante.
Ele corria atrás dela no parque decorando o movimento de cada fio de cabelo que se içava com o vento cada vez que ela se precipitava adiante.
Quando ela se virava para trás ela não o via, via apenas a própria sombra e daí se sentia tremendamente iludida.
"Ô nuvens! Apareçam de uma vez e me tirem as dúvidas!" - que é só no escuro que a gente realmente pode ver.
E ele continuava correndo atrás, a largas passadas... que por mais longas que fossem suas pernas ela estava sempre um passo à frente. E aí, como é que faz?
Cada vez que os olhos de diamante (à la "Lúcia No Firmamento") se voltavam perscrutadores era uma descarga elétrica que lhe atravessava o corpo, como um enorme orgasmo de compreensões variadas sobre o mundo, sobre a vida, sobre ele mesmo, sobre flores, vasos, tapetes, espiritualidade e coisa e tal - tudo, menos sobre ela.

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