Um círculo de pessoas dando as mãos a coisas (televisões, discos de vinil, carros importados e camisetas da Frida) e as coisas dando as mãos a outras pessoas.
Algumas pessoas dão as mãos diretamente a pessoas.
Algumas coisas dão as mãos diretamente a coisas.
Estrelas, espaço-naves, raios gama, detonadores, a Mãe Física, a Mãe Química, e a tal da Teoria da Evolução.
Cinematica, gravidade, termodinâmica, bosón de Higgs, LHC, uma bomba, uma grande descoberta.
Algumas pessoas dão as mãos diretamente a pessoas.
Algumas coisas dão as mãos diretamente a coisas.
Estrelas, espaço-naves, raios gama, detonadores, a Mãe Física, a Mãe Química, e a tal da Teoria da Evolução.
Cinematica, gravidade, termodinâmica, bosón de Higgs, LHC, uma bomba, uma grande descoberta.
O universo inteiro é uma corrente de átomos de tudo quanto é raio de elemento organizados em tudo quanto é raio de organização possível.
O universo inteiro é uma gincana, um "caça ao tesouro", um "lencinho está na mão", pato-cinza, pique-esconde, menino-pega-menina (ou menina-pega-menino - e porque não menino-pega-menino também?).
O universo inteiro é uma gincana, um "caça ao tesouro", um "lencinho está na mão", pato-cinza, pique-esconde, menino-pega-menina (ou menina-pega-menino - e porque não menino-pega-menino também?).
O universo é uma rodada de War.
A ciranda gira, cada vez mais rápido, e os corpos se espremem tanto na ânsia de se locomover que praticamente se fundem.
Metástases de novas coisas salpicam na tua frente, se materializando da comunhão dos filhos do universo.
Metástases de novas coisas salpicam na tua frente, se materializando da comunhão dos filhos do universo.
E o universo parece cantar uma cantiga de ninar para a sua prole maquinada, como se ela dependesse disso pra continuar girando.
Você se precipita para a frente mas recua.
Você se precipita para a frente mas recua.
Uma gota de suor alcança a sua têmpora latejante.
Uma nova tentativa e um cone sinalizador atravessa o seu caminho.
Uma nova tentativa e um cone sinalizador atravessa o seu caminho.
Não há espaço para você nesse jogo.
Você passou os últimos vinte e um anos - desde que saiu de uma barriga que andava girando por alí mesmo em meio a trovoadas e chuvas de granizo - tentando dar as mãos.
Você queria dar as mãos a tantas coisas!
A tantos "alguéns", tantos "aondes", tanto tudo!
Você queria sentir o toque de uma estrela cadente, de um urso polar.
Aí você cresceu e ficou com medo dos ursos e você descobriu que estrelas cadentes na verdade são cometas.
Você cresceu e tudo o que você queria então era dar as mãos com uma pessoa boa de prosa, um velho, um jovem, um mendigo, um ricaço, um zé-ninguém.
Mas as pessoas tinham coisas (e outras pessoas) demais nas mãos.
Assim, você decidiu parar de querer escolher, você decidiu que era hora de ser escolhido: se atirou pra frente, com os braços esticados e os olhos fechados torcendo pra roleta cósmica te favorecer.
Você queria dar as mãos a tantas coisas!
A tantos "alguéns", tantos "aondes", tanto tudo!
Você queria sentir o toque de uma estrela cadente, de um urso polar.
Aí você cresceu e ficou com medo dos ursos e você descobriu que estrelas cadentes na verdade são cometas.
Você cresceu e tudo o que você queria então era dar as mãos com uma pessoa boa de prosa, um velho, um jovem, um mendigo, um ricaço, um zé-ninguém.
Mas as pessoas tinham coisas (e outras pessoas) demais nas mãos.
Assim, você decidiu parar de querer escolher, você decidiu que era hora de ser escolhido: se atirou pra frente, com os braços esticados e os olhos fechados torcendo pra roleta cósmica te favorecer.
Nessa hora passou um gato e miou que a brincadeira "gato-mia" tinha sido no verão passado e que no novo jogo não havia espaço pra gente que não podia ver.
Quando você conseguiu abrir os olhos você achou que a brincadeira tivesse mudado de novo e agora se tratava do "pique-esconde", porque você olhou, olhou e olhou e não viu coisa nenhuma do mesmo jeito.
Você ficou sozinho muito tempo, e quando conseguiu distinguir a roda girando a quilômetros de distância você saiu correndo e decidiu que não deixaria ela escapar.
É esse você que agora se encontra com ela bem debaixo do teu nariz, minusculamente reduzível a um rascunho tosco de texto qualquer e ao mesmo tempo tão grande que a Muralha da China ficaria com vergonha.
Você ficou sozinho muito tempo, e quando conseguiu distinguir a roda girando a quilômetros de distância você saiu correndo e decidiu que não deixaria ela escapar.
É esse você que agora se encontra com ela bem debaixo do teu nariz, minusculamente reduzível a um rascunho tosco de texto qualquer e ao mesmo tempo tão grande que a Muralha da China ficaria com vergonha.
Você tenta se espremer entre um corpo e outro, você tenta perguntar por que é que tudo gira e você aí tão parado que não sabe o que é esquerda e o que é direita.
Você tenta descobrir por que é que tudo sempre funciona, porque é que tudo tem um lugar pra estar, por que é que você não.
Você tenta descobrir por que é que tudo sempre funciona, porque é que tudo tem um lugar pra estar, por que é que você não.
Você quer saber, de uma vez por todas, por que é que toda vez que você respira o ar do universo você se sente tomando algo que não te pertence - um ladrão, um intruso, um penetra.
E você quer saber como é que se faz pra aprender o idioma do universo, porque você sabe que ele está cantando e que todo mundo está entendo (todo mundo sempre entendeu) mas você não faz a menor ideia do que se trata e talvez seja por isso que seu corpo todo colapsa e seus pés não te obedecem quando você diz pra eles que quer dançar também.
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