16.8.11

Sobre as bonecas e manuseio inadequado

Uma de louça, uma de pano, uma Barbie, uma de vinil grande e feia - todas dentro da caixa de papelão que você esconde debaixo da cama.
A de louça tem uma baita rachadura na lateral da cabeça e a de vinil perdeu um olho.
Essas duas você já não pega faz tempo, acho que você se esqueceu delas.
A Barbie, já sem roupa, se esparrama sobre a de pano numa posição bem pouco ortodoxa e mantém aquele sorriso tosco rosa-shock, como se não pudesse perceber seu próprio fracasso.
De certa forma foi ela que te rejeitou - você nunca soube brincar com ela - e é por isso que essa nunca irá para o lixo, porque não se joga fora aquilo que jogou a gente fora antes! É uma questão meramente prática.
A de pano permanece surrada e não lá muito bonita de se ver e não lá muito cheia de modernidades, mas ainda intacta (ainda).
Essa sou eu e essa você ainda pega de vez em quando porque afinal de contas é a mais nova de todas e há de se fazer juz ao dinheiro gasto por pelo menos mais uns meses, não é mesmo?
Pois se ela fosse uma boneca falante, eu não me surpreenderia se você apertasse a barriga dela e te atingisse em cheio nos ouvidos algo meio assim: "Você pode até me jogar fora, mas não pode me quebrar nem com muita porrada. Touché! :)"


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