27.8.11

Sob(re) o Sol

Você as vezes se expõe demais pro sol.. você se expõe demais. É isso.
Ao fim do dia tua pele é puro descarne, teus olhos ardem marejados de lágrimas imaginárias - já que as verdadeiras o sol levou como se fossem nuvens. Puft, evaporaram-se.
teus lábios padecem em secura, e assim sua garganta.

Você não se poupou, foi por isso que ele não poupou você.

Você, cheio de amargura, corta relações com a estrela e se promete só voltar a vê-la quando ela vier até você primeiro, com um pedido formal (mas sincero) de perdão.
Mas, ora, você! O sol não fala... o sol não gesticula! O sol sequer sabe o que é arrependimento, o que é perdão... O sol não pode te dar um abraço apertado, porque o sol não tem braços.
O sol não tem mão pra te fazer carinho.


Você pensa: mas o calor me basta!



Basta? Basta mesmo? Jura que basta?
Eu não acho que basta.

Você se revira inteiro, noite a fora, sob o lençol púrpura enquanto a lua brilha alta no zênite.
Você a observa pela janela descrevendo um arco perfeito no céu e, puxa, você nunca se deu conta que a lua também faz arcos! Você sempre pensou demais no sol, você ainda pensa demais no sol bem agora enquanto a outra some enciumada por trás dos prédios amontoados da cidade grande.

Amanhece e você abre as cortinas completamente, e você ergue os vidros da janela.
Mas o sol não vem! Ele está lá, você pode sentir o cheiro do calor, mas ele não vem.

Aí você pensa que ele está envergonhado da desfeita do dia anterior, dos maus-tratos, da sua pele descascante. Por isso você dobra o orgulho e enfia debaixo do colchão, por isso você desce as escadas e aterriza no quintal.
O sol brilha com toda a normalidade sobre você, como o faria em qualquer ocasião.
O sol brilha com toda a normalidade sobre a grama, as roupas no varal, a caixa d`água.
Daí é que você percebe, finalmente, que pro sol não faz diferença se você sente dor ou não.
Que a briga de ontem foi briga de um só.

Nenhum comentário:

Postar um comentário