18.9.11

Neverland e outras histórias

A criança sente a cabeça virada do avesso.
É uma espécie de dor - ela pensa - só que não dói.
Faz tempos que a criança tem consciência de si.
Acho que a consciência é mesmo tipo uma dor... é, vai ver que é isso.
É consciência.
Faz tempos que a criança é criança (mais tempo do que devia), e faz tempos que a criança se sente apequenar ainda mais diante do mundo dos grandes e seus objetos e objetivos colossais.
Com a boca escancarada, do fundo dos pensamentos, sai um suspiro tipo assim:
Eles são um fenômeno!
A criança aprendeu a cruzar as pernas feito mulher.
Só que a criança descobriu que isso não a torna também um fenômeno.
A criança é uma farsante, disso não restam dúvidas.
E logo, logo, eles a irão descobrir: minuscula e desaparecente, meio que tentando emergir (sem sucesso) do fundo de um casacão e um chapéu roubados de um dos tais fenomenais.

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