15.9.11

Reciclagem

Hoje de manhã esfaquearam o Sol.
Daí caiu chuva doce - mas não foi de nuvem nenhuma, que nuvem é deveras desenxabida.
Do Sol caiu fogo molhado e esse fogo molhado acertava a gente como se fossem fogos de artifício pesados demais para se içarem com o vento.
E a estratosfera ia ficando vazia a medida que os filhotes ardentes despencavam quilômetros rumo ao chão.
Eu de boca aberta tentava beber o diacho da estrela que era pra ver se depois dessa eu aprendia a acender também. Apenas comichões.
As nuvens correram pro outro lado, envergonhadas já que nunca souberam fazer tão bonito assim.
Tem gente que prefere chuva de nuvem...
Eu não, eu gosto da chuva do Sol mesmo.
Fui eu quem esfaqueou o Sol, fui eu que quis desmantelar o castelo e ver as pedrinhas rolando bonitas no chão.
E elas rolaram mesmo, iguaizinhas fossem lágrimas... só que asentimentais.
Nunca achei que o Sol fosse de verdade meu, ele sempre esteve longe demais.
Eu queria ele pra mim, eu queria engolir o Sol.
Agora ele tá dentro de mim e daí agora se eu quiser mesmo não vai ser difícil me fazer desmantelar a mim mesma também.
(E daí de pessoa ter virado Sol e de Sol virar então outras gentes várias)

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