23.11.11

Happily Ever After





"They caution us against idolatry
And tell us that we should not jeopardize
 immortal life for anything that dies
And not to be bemused by mere beauty."
(R.D. Laing)




Chega-se ao tempo em até a mais funda das lagoas seca.
Eu me levantei da minha confortável poltrona e fui olhar pela janela; não pude conter o engasgo.
As garças reais levantaram vôo, todas elas... como fossem maltrapilhas.
O lago era na verdade uma cratera, um soco no chão da Terra que se encheu com que quer que fosse que caísse dos céus. Qualquer coisa mesmo.
Eu sempre soube essa verdade - que a lagoa era mera coincidência -, mas a mantive trancafiada no meu íntimo pelo bem de nós duas.

Me debruço no pórtico, cheia de cansaço, e tento ser indiferente.
"E tudo afinal é mera coincidência."
Mas generalizações nunca serviram de consolo... meu estômago se revolve mesmo assim, nauseado.
As garças vão embora levando o último peixe e a previsão do tempo não prevê chuva nenhuma.
Em poucos segundos o sol se põe pálido, enquanto a silhueta de um caminhão soterra sem dó o que sobrou da minha lagoa.

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