3.5.12

O dia em que se acorda, se olha para a cama encharcada de vermelho e se sabe: amputação não é mais uma escolha.
E a diferença entre aquilo que a gente amputa do corpo e aquilo que a gente amputa da alma é que a alma regenera.
Ah, se regenera!
Aliás, regenera não... muda.
Nasce de novo. Todo dia.
Todo dia a alma é nova, mas os imbecis guardam a imagem da antiga na memória e não percebem isso.
Eu quero perceber.
Ontem antes de dormir eu mesma fiz o Jazz Funeral da minha ex alma.
Dancei em cima do meu caixão.
Tasquei fogo no meu caixão.
Hoje estou de cara lavada, sem maquiagem, sem expectativas.
Alguma coisa chora aqui dentro ainda, mas penso: a primeira coisa que o rebento faz no mundo é engasgar com o próprio soluço.
Vou considerar os meus um começo promissor.

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