4.5.12

Pisca-pisca

Como os vagalumes, erra por aí achando a noite infinitamente escura, se guiando só por um ponto fraco de luz que não sabe de onde vem (só suspeita).
Nunca sabe o que tem depois, só sabe o que tem no perímetro milimétrico ao próprio redor - nem a si pode ver, que espelho nenhum cabe nessa pequeneza.
Vê uma formiga, vê uma pedra. Mas passa sempre voando, nunca para de voar, por isso qualquer visão adquire status imediato de memória.

Há sempre uma nebulosa em chamas riscando o céu de um lado pro outro.
Mas ela tá - ela é, sempre - longe demais e toda a fumaça da troposfera e todo o embaço dos olhos a transformam em inexistência.
A maior parte do tempo vagalume olha pros próprios joelhos, tentando entender de onde é que vem a própria e limitada faísca. Só suspeita.
O risco de fogo sobra.
Fica de quadro só pros olhos da Lua olharem mesmo... se ela tivesse algum.

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