18.7.12

Across the Universe

Você chorou por dias na suas próprias mãos e em determinado ponto você percebeu que você era pequeno demais até pra elas.
Você caiu dentro delas, que estavam transbordando.
Você tinha desaprendido a dançar no escuro...
Algum estalo bateu na sua cabeça e te fez esquecer de todas os foguetes que já passaram pra te dar carona enquanto você se afogava nas próprias poças. Você esqueceu deles.
Ou talvez eles tivessem escasseado.
Talvez eles tivessem deixado de existir ou talvez o tempo tenha começado a passar mais devagar pra eles, ou talvez você tenha precisado tanto tanto tanto (como nunca) em um único segundo que esse segundo passou a pesar por duas décadas inteiras.
É sempre um choque bom de realidade quando alguma coisa pega a gente à força e põe a gente pra dançar. (Nesse momento você percebe a semelhança delas com os tais dos foguetes.)
É sempre um salvamento boca-a-boca - um restauração pulmonar - quando alguém põe a mão na nossa cintura e conta o compasso pra gente porque sabe que a gente agora não tem forças pra isso; porque sabe que a gente agora não consegue sequer discernir música nenhuma.
E o importante é que daí a gente se descobre com vontade de ir dormir cantando de novo.

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