24.7.12

Leporídea

Coelho treme o nariz, treme as orelhas.
Sente uma coisa que chega pelo chão, por baixo, uma coisa que faz barulho de medo.
Coelho sempre de olho arregalado, não existe sossego.
Coelho aprendeu a esperar o pior, a nunca dormir, a nunca baixar as orelhas.
A coisa se aproxima barulhenta, barulhenta de um barulho que acerta direto o cérebro e não precisa ser ouvido pra isso.
Coelho sente medo, medo, medo... da coisa que vem pelo chão.
É só a ameaça, sempre só a ameaça, mas o daí o coelho não pode dormir, não pode baixar as orelhas e o nariz treme e o corpo todo treme e ninguém ensinou coelho a chorar!... por isso o coelho permanece de olhos secos e inexpressivos: nada pode dizer pro mundo que o coração do coelho criou orelhas pra ouvir o barulho do medo que vem correndo por baixo da terra.

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