15.7.12

você parado de frente pra janela com a mão no peito você pergunta porque bate tão depressa se o mundo é tão lento lento como se não se movesse
você sente o compasso acelerar você se pergunta um monte de perguntas que jamais deveriam ter sido feitas, já há algumas horas o sol se pôs não tem ninguem na casa exceto você nunca tem ninguém na casa exceto você
sempre só você só
o barulho da chuva o barulho da chuva o barulho da chuva
barulho de chuva não existe, a trilha sonora da minha da minha cabeça é a chuva inexistente
uma melancolia que é parida lá do fundo arrancada membro por membro como uma criança que se recusa a nascer mas que precisa porque senão morrem os dois
você quer fechar a sua porta ninguem pode entrar mas ela permanece encostada, sua braçada é fraca você não consegue se proteger - não sabe virar a chave! a qualquer hora alguem vem.
a qualquer momento um chute vai fazer a porta despencar alguém vai vir e alguem vai perguntar por que sua cara derreteu
você não quer que ninguém venha você quer que qualquer um venha
vem por favor vai embora fica aqui
o clássico dilema de quem é solitário.
você queria que um monte de bichos assaltassem teu corpo e expurgassem essa tal de solidão, você queria formigas carrapatos queria que tudo subisse até a sua cara e se prostrasse diante dos olhos e entrasse por eles e fizesse festa no seu cérebro
uma filha da puta de uma festa sem sentido para celebrar a falta de sentido que tudo tem
o dia acabou.
mais um.
ele sempre acaba com uma expressão de lamento te exigindo o prestar de contas, que você liste tudo que você concretizou dos seus sonhos seu palhaço... você não concretizou nada hoje de novo
(deve ser porque não sonha)
a boca tem o gosto do sal mas as bebidas que a gente bebeu não fizeram efeito
rrrrrrrrrrrrrERRRRRRRRRRRrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrR!!!!!
(as lágrimas estão te caindo pelo nariz)
nada fez efeito é tudo fracassado quando você faz parte nem engolir alcool você sabe fazer direito
e você queria tanto ver.
hoje você queria ver e nada além de ver ver é o verbo único.
(ouvir é verbo passado)
existe essa bunda que a humanidade tem e que rebola na sua cara, a grande bunda do cotidiano...
você pede pra ela parar ela te manda a merda
nada do que você fala faz sentido e você não consegue ver
uma enorme e indesejada bunda tapando seus olhos
que resta aos infelizes que não a cama com camada tripla de cobertas até o meio dia do dia seguinte?

I felt like crying but nothing came out. it was just a sort of sad sickness, sick sad, when you can’t feel any worse. I think you know it. I think everybody knows it now and then. but I think I have known it pretty often, too often.
(bukowski)

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