13.7.12

Você e o seu bagageiro lotado.
E a sensação do vazio, de onde é que vem?
Todo dia você enfia mais e mais pessoas lá dentro, mais e mais frases de efeito, mais e mais idéias maravilhosas e mais e mais amores eternos.
E o vazio então de onde é que vem?
O vazio vem de onde?
Onde é que tá o furo que faz tudo escoar e murchar?
Um vazio pleno de caos...
Como o silêncio do surdo - que de forma alguma é silencioso.
O barulho do naufrágio, grito de baleia, tudo submerso...
Os chiados, os ruídos, a auto-gritaria. Ainda assim a solidão do silêncio.
Talvez porque esses sons todos (e tudo que a gente enfiou no bagageiro) são de mentira.
Talvez porque as pessoas, as frases de efeito, as idéias e os amores são mentira.
Por isso só fazem tumulto, mas não preenchem absolutamente nada, não saciam a fome. Nem minimamente.
São cenários, papel chulo que brocha na primeira chuva.
E são a gente mesmo, de novo tipo o som do surdo, que é ele mesmo: vem sempre só da própria necessidade e dos próprios pensamentos, mas nunca é do mundo. Nunca é o mundo alí, invadindo a cabeça (a cabeça permanece virgem).
E as pessoas que a gente meteu no bagageiro... elas nunca são elas mesmas, sempre são só o que a gente precisa que elas sejam no momento.
É tipo como se a gente criasse pequenas cópias de areia de tudo o que a gente acha bonito e brincasse com  eles dentro do próprio cercadinho como se eles fossem reais. A gente acredita nisso de verdade..
Mas naquele dia específico - que, só eu sei, tem se repetido com a mais cretina das insistências - de um céu não tão bonito assim, o olho resolve focar e percebe a textura de tudo; percebe que tudo é construído, que nada é real...
Que a gente não tem ninguém: nem os mais chegados e nem os conhecidos colecionáveis que a gente juntou só pra se distrair.
A gente não tem ninguém.
E ninguém tem a gente de volta.....
E o bagageiro vai ser sempre cheiovazio.

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