7.10.12

Sobre o Movimento da Espuma

Apontando o dedo para o universo tentava descobrir de onde é que vinha o vento.
Pensava, pensava: e pra onde é que se aponta o dedo quando a gente quer saber de onde vem essa onda esquisita que bate no dentro às vezes, de repente?
Pra onde é que se aponta o dedo quando a gente quer saber a direção de pra onde que a gente tá indo?
Tinha vezes se sentia indo para um lado enquanto que apontava proutro, tipo o menino montado invertido no cavalo e apontando a espada em riste rumo à guerra enquanto que o cavalo levava ele pra onde suas costas olhavam: o nada.
Tinha vezes se sentia cavaleiro imbecil, jogado ao acaso no lombo dum pangaré que não recebe ordens - e o alazão dos outros tão cheio da pompa e das inteligências geográficas e estratégicas! Tão cheio das logísticas!
Apontava o dedo pro dentro que era pra descobrir a que horas a onda ia bater dessa vez e levar tudo embora de novo... queria pelo menos empacotar as coisas!.. mas a onda nunca avisava, e nem nunca dava pista: batia.
Aí apontava de volta pro universo e sentia o macio transparente vindo da esquerda para a direita. Fácil.
Queria ser o vento, ou queria ser o dedo, ou queria ser o universo... e ou até o pangaré também estaria bem, desde que pudesse deixar de ser essa boca de praia largada que onda gosta de assombrar.

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